Crônicas de uma Exploradora do Invisível.

sábado, 26 de novembro de 2011

Metà

Meu coração triste,
Cansado de falar para uma cabeça sem ouvidos.
Pseudo-coração que intui bater em silêncio, timidamente
respirando, hesitando em existir – embora seja!

Meu coração distante
Surdo e cego ao seu peito pertencente,
Onde é seu trono, ainda que vazio.

Coração salgado, curtido, debaixo de todo sol
De pernas distantes, carimbando seus passos e derramando seu sorriso em terra imaginária Como se aqui
não tivesse ficado a terra de fato
Parada, salgada e curtida
Saudosa dos lábios do seu Sol.

Seca terra, a esforço dormitante.

Meu coração beijando a madeira: pare,
beija não.
Sabe que aqui ficou, além da madeira e do sepultado,
Um vivo, esperado coração.


"Alguma palavra houve, pior que a morte de Teobaldo, que liquidou comigo. Quisera esquecê-la, mas ai, ela aflige minha memória como as culpas malditas afligem a mente dos pecadores. Teobaldo está morto e Romeu... Exilado? Este exilado, esta uma palavra assassinou dez mil Teobaldos. Por que, quando ela disse 'Teobaldo está morto', não se seguiu a isto 'Teu pai está morto' ou 'Tua mãe está morta' ou 'Estão ambos teus pais mortos'? Isso teria motivado em mim as lamentações de costume. Mas, em seguida à morte de Teobaldo, o que vinha era 'Romeu está exilado', e pronunciar esta palavra é pai, mãe, Teobaldo e mais Romeu e Julieta - todos assassinados, todos mortos. Romeu foi exilado. Nisto não há fim, limites, medida nem fronteira."
Terceiro Ato, Cena II.

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