"(...) Ela escutava, porque era a música que Pietro
Crespi a tinha ensinado a dançar. Amanda escutava porque tudo, até a música,
lhe recordava Rodrigo.
A
casa se encheu de amor. Amanda expressou-o em versos que não tinham princípio
nem fim. Escrevia-os nos ásperos pergaminhos que lhe dava Melquíades, nas
paredes do banheiro, na pele dos braços, e em todos aparecia Rodrigo
transfigurado: Rodrigo no ar soporífero das 2 da tarde, Rodrigo na calada
respiração das rosas, Rodrigo na clepsidra secreta das mariposas, Rodrigo no
vapor do pão ao amanhecer, Rodrigo em todas as partes e Rodrigo para sempre."