Crônicas de uma Exploradora do Invisível.

domingo, 29 de julho de 2012

Adoração

Me toma em teu compasso, que só no teu abraço eu me escondo do mundo.Meu corpo seja palco
Vertido e tomado em pêlo à tua poesia.
Eu adoraria, eu adoraria...


(Filipe Catto)

terça-feira, 10 de julho de 2012

La rencontre


             Um encontro que não durou nem 3 minutos, mas renderia até metade de um livro, um desses livros jogados em sebo empoeirando ao tropel dos dias, jogado como uma metade apaixonada na cama, se bronzeando com o tropel da carruagem de Apolo e a poeira que flutua ao sol lá de fora. Um tormento que, de tão doce, me embola a pele e eu mesmo não sei mais me esticar sem ser debaixo dele. Só pelo momento em que ele virou seus olhos para mim pela primeira vez; só pelo existir debaixo dos seus olhos e dentro dele.
            Por aqueles nem-3-minutos em que eu existi e ele era como aquele sol sobre a cama, como aquela poeira sobre os livros. Ele era ele e isso era melhor do que qualquer coisa do mundo. E ele pegou meus olhos estáticos nos seus e sorriu com a mesma boca onde nasciam as palavras
            - Oi, meu amor!
         e eu pude ouvir sua exclamação enquanto seus braços me pegavam, estática e arregalada, e seu queixo adorável pousava no meu ombro – deveras tenso – e foi perguntando “Tudo bem?” como se a simples afirmação de que eu era sua fã, o que quer que isso significasse, justificasse a gentileza rasa.
            - Não estava muito bem, mas agora que você perguntou, nada mais importa. Nesse meio minuto, já está tudo ótimo. Posso morrer assim que sair: neste momento, eu existo!
            Ao invés, só disse “Tudo”, na voz mais linda que podia inventar pra mim.
            E o resto foi meio confuso de tão bom. Não ouvia sinos, não enxergava névoa. Era a realidade, não menos dura. Só que eu conseguia recebê-la em igualdade, justificada por tudo aquilo, que era a angústia doce, o nervosismo feliz, a dança doida de tudo que eu trazia de bom e de ruim, tudo o que era meu e me fazia: eu amava. Meu corpo estava fechado.
            Eu falava, outros falavam e ele ouvia e tinha a mão no meu rosto, seu polegar direito afagando minha bochecha. E é claro que ele também estava cheio, repleto e feliz tanto quanto algum lugar dentro de mim cantava; apenas por outros motivos. Então, éramos dois felizes de mãos geladas. Juntos por 3 minutos.
            E poder lembrar e escrever é, assim, amá-lo numa ação, da melhor maneira que sei fazer. Apesar de todo contrário, isto é bom. Apesar de eu mesma pedir e implorar por muito mais da vida – uma vida – é de se contentar e pelo menos, sorrir.
            É um reencontro e eis a vida sendo doce.