Crônicas de uma Exploradora do Invisível.

terça-feira, 10 de julho de 2012

La rencontre


             Um encontro que não durou nem 3 minutos, mas renderia até metade de um livro, um desses livros jogados em sebo empoeirando ao tropel dos dias, jogado como uma metade apaixonada na cama, se bronzeando com o tropel da carruagem de Apolo e a poeira que flutua ao sol lá de fora. Um tormento que, de tão doce, me embola a pele e eu mesmo não sei mais me esticar sem ser debaixo dele. Só pelo momento em que ele virou seus olhos para mim pela primeira vez; só pelo existir debaixo dos seus olhos e dentro dele.
            Por aqueles nem-3-minutos em que eu existi e ele era como aquele sol sobre a cama, como aquela poeira sobre os livros. Ele era ele e isso era melhor do que qualquer coisa do mundo. E ele pegou meus olhos estáticos nos seus e sorriu com a mesma boca onde nasciam as palavras
            - Oi, meu amor!
         e eu pude ouvir sua exclamação enquanto seus braços me pegavam, estática e arregalada, e seu queixo adorável pousava no meu ombro – deveras tenso – e foi perguntando “Tudo bem?” como se a simples afirmação de que eu era sua fã, o que quer que isso significasse, justificasse a gentileza rasa.
            - Não estava muito bem, mas agora que você perguntou, nada mais importa. Nesse meio minuto, já está tudo ótimo. Posso morrer assim que sair: neste momento, eu existo!
            Ao invés, só disse “Tudo”, na voz mais linda que podia inventar pra mim.
            E o resto foi meio confuso de tão bom. Não ouvia sinos, não enxergava névoa. Era a realidade, não menos dura. Só que eu conseguia recebê-la em igualdade, justificada por tudo aquilo, que era a angústia doce, o nervosismo feliz, a dança doida de tudo que eu trazia de bom e de ruim, tudo o que era meu e me fazia: eu amava. Meu corpo estava fechado.
            Eu falava, outros falavam e ele ouvia e tinha a mão no meu rosto, seu polegar direito afagando minha bochecha. E é claro que ele também estava cheio, repleto e feliz tanto quanto algum lugar dentro de mim cantava; apenas por outros motivos. Então, éramos dois felizes de mãos geladas. Juntos por 3 minutos.
            E poder lembrar e escrever é, assim, amá-lo numa ação, da melhor maneira que sei fazer. Apesar de todo contrário, isto é bom. Apesar de eu mesma pedir e implorar por muito mais da vida – uma vida – é de se contentar e pelo menos, sorrir.
            É um reencontro e eis a vida sendo doce.

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