Crônicas de uma Exploradora do Invisível.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

2 filmes de Kubrick

            Numa certa tristeza, assisto a aula de história. Me perco no tempo, literalmente, e exerço atividade perigosa de “estar aqui sem estar”, escutar sem ouvir, encher o subconsciente e navegar em lembranças duvidosas, pálidas de luz, com jeito de sonho. Ouço a aula e me divido, invento minha história, vou pensando por mim. Vou, sem sair do lugar.
            3 coisas me distraem (e afligem). O amor, a aparência e a matança. Tudo junto debaixo da minha distração. Siga: tudo rodando num compasso alegre, mas em ciranda de fado, rodopiando melancolias. Há uma foto de guerra, de trincheiras e espólio, de agonia e somos todos incitados a lutar, pois só se lutarmos alguma coisa vai mudar.
Abraça o risco e tomba. Luta a tarde inteira enquanto em algum lugar desse mundo deve haver paz. Numa cozinha silenciosa no meio de um pasto rodeado por uma estrada de mão única, sinuosa durante vários quilômetros. Tanta paz distante. Jogue-se no barulho, nos metais sujos, na terra que se gruda ao seu sangue recém afluído.
Cortes e rasgos
nos uniformes.
Existe poesia nisso? Existe um sonho encarnado, coletivo, batendo debaixo dessas mãos que esganam. Licença bélica. Bestial, mas que almeja o celeste, e que o celeste seja na terra. Pode?
Memórias pálidas, com jeito de utopia. E eu penso que lutar tanto
e tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, para além das horas e dos dias e dos limites (os meus e os da terra) e, de repente, sobreviver. E então correr e correr muito, para onde se quer, para aquele que, sobre a terra, se deseja tanto, para o depois, para o sonho imediato. E neste chegar. E neste esfacelar-se de correr, como deve ser bom morrer nos braços de quem se ama.
            E meus pensamentos, que vêm em narrativa, são traiçoeiros. O grande inimigo externo, como ensinaram há tempos, não é Nós x Eles. Sou Eu. Grande algoz e sabotador maior. Eu que penso e disperso, desespero sem razão e com todos os motivos. Quando escrever, vou esperar pelo perdão, meu e de Deus. Forjo linhas e desculpas enquanto penso tudo o que não devo. Não é? E a falta de esperança – a boa e velha conhecida desse ano –, tento ignorar imaginando se pode ser recíproco. Amada inimiga ambígua, atingindo a outros também. Pego palavras desencontradas, tentando voltar. Mas, tarde demais. O diabo já me ouviu.
            Devagar, volto a entrar em foco. O medo, as distrações e as 3 vertentes, tudo tem que voltar ao segundo plano. Por dentro, somos todos carrossel que gira, botando algumas coisas em voga e outras na penumbra. Mas eu sei que tem algo errado. Meus olhos percebem que, em todo esse devaneio, fixaram no quadro uma palavra: matança.

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