Era domingo,
de manhã. O dia de viver em sociedade. A cidadezinha estava quieta e esparsa, o
sol apenas aquecia. Bom dia para andar de chinelos e vestido de florzinha. Bom
dia para ter cabelo cacheado. A gente estava toda misturada: crianças, adultos
de bicicleta, adultos que queriam crianças e garotas que nunca iam
envelhecer. Posamos todos para a foto, com o vento agitando panfletos de
evangelismo.
Foi um domingo
longo, como sempre parecem os dias que dividimos com os outros. A mulher na mesa
do bar em pleno domingo de manhã nos contou a história da vida de alguém que já
estava morto. Alguém mais novo do que ela. Debaixo do sol de domingo, o dia
mais bonito, ouvimos as lágrimas da mãe, uma mãe, uma mulher de muita pele e
olhos caídos que andavam mais do que ela, mas menos do que seus pensamentos,
que rodopiavam entre sonhos e lembranças. Entre o tom da razão e o da revolta,
o revolto do coração que bebia cerveja. Uma mulher com nome de boneca, Emília
nos contando como ela pensava, logo existia – e como ela amava o que já não
existia.
Seguimos, as
pseudo-irmãs procurando o rebanho adiantado pelas ruas quase vazias, parando
para fotos em preto e branco debaixo do sol. Mas primeiro, um encontro. Mais um
naquela selva desmatada de cidadezinha, um quase homem, alto segurando
um pacote meio devorado de biscoitos. E ele nos abraçou como se fizesse todo o
sentido, não falou uma palavra, me apertou, seu queixo em minha cabeça como
Bogart e Bergman nas cores estúpidas de uma manhã de domingo.
E ainda fomos
embora. Muitas partidas naquele dia, muito descascar de alhos. Fomos adotadas
pro almoço e chegou mais um, só para ter que partir também. Este não era alto,
nem abraçou ninguém. Só falava e falava e ouvia e quebrou meu chaveiro, mas teve
conserto. E continuava a falar com aquela voz de cantor, voz que tinha a mesma
cor morena e bonita de sua pele. Confessou vários medos rindo. E era o mesmo,
só que diferente.
Um almoço em
família.
Que depois acabou, e já era tarde. Tarde de domingo. Preguiçosa, matadora de tempos.
Depois, histórias engraçadas, embora a noite estivesse fria. Uma noite rara em que eu usava saltos. Tramava eu contra mim? Possivelmente.
Só que eu escrevo do futuro, então os últimos acontecimentos perderam parte de sua força. Apenas uma observação muito estranha de que ele prefere amar à distância.
O que quer que isso signifique.
Que depois acabou, e já era tarde. Tarde de domingo. Preguiçosa, matadora de tempos.
Depois, histórias engraçadas, embora a noite estivesse fria. Uma noite rara em que eu usava saltos. Tramava eu contra mim? Possivelmente.
Só que eu escrevo do futuro, então os últimos acontecimentos perderam parte de sua força. Apenas uma observação muito estranha de que ele prefere amar à distância.
O que quer que isso signifique.
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