Crônicas de uma Exploradora do Invisível.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A poesia está em tudo. Está hoje,
nos seus olhos caídos, em suas palavras inesperadas, em seus passos vacilantes.
Está no suspiro dos trens, lá adiante
e no vapor aplacado pela chuva que vem desse céu tão branco.
A poesia é nas suas mãos que amassam o rosto
Até nesse silêncio extremo, no seu tédio. Há poesia mesmo na sua facilidade de ser trágico e engraçado. E na pressa com que você transita entre os dois.
Pois a poesia é assim, triste, e inútil como se vivesse por aparelhos.
Não há necessidade de grandes invenções.
Esta paisagem ordinária, essas absurdas vias de contato, aquele diz-que-disque maroto, sim, creia, ela é lá.
A mesma,
no concreto e nas linhas retas,
na originalidade de cada nova imitação,
na falta de jeito com que você vive, sobrevive, fica mudo e depois embala, com talento,
qualquer multidão.
A poesia não está onde eu te vejo, mas quando lembro de você,
de forma expressa e infundada.
Castelo de areia, nuvem que vai, vaso de flores que cai, cidade bruta, enregelada, encardida.

Não digo que qualquer coisa te invoque em mim mas eu, sendo assim, é que te criaria se não houvesse você.

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