Crônicas de uma Exploradora do Invisível.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O Beijo


            O mundo girava, a água fervia a 100º C. Abria os olhos de manhã e fechava-os à noite. Até que aconteceu: o digno de registro. Como as cores da larva e o suor na chuteira. Agora, é gol e borboleta. A presença eriçou a atenção; quando vê, ouve música. Braços em redor e segundos que só se compreende depois. Vinte anos digerindo um momento. O momento de olhos fechados que viram tudo. Toda a polissemia do silêncio. As cores todas se fundiram naquela boca. Todo o corpo se juntava à mente.
A felicidade existia e se movia sobre a face daquele lago de vazio anterior à luz e ao próprio Gênesis.
O beijo explodiu e queimou a vida e os dedos a largaram em cinzas. Não havia mais mundo além dos olhos fechados. O suor se desprendia das peles a 37,5º. Tinha deixado marcas na vida, segurando-se nela forte demais. Todo o mundo eram os tímpanos e o som que retumbava - o gosto das cores abrasando a língua e as bochechas. Tato elevado ao e da quantidade de movimento.
Agora... A água evapora dos olhos abertos a noite inteira. De manhã é hexacampeão. Mas o mundo, este nunca mais voltou a girar.

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