Crônicas de uma Exploradora do Invisível.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Rosa dos ventos [e Fé no futuro I]



Eu tenho um barco no meio do deserto e o barco é o meu corpo
Branco, queimado.
Tenho um barco em folhas de louro e um céu folheado a ouro
Cruel, mas nunca menos belo.
Meu barco vai em frente nem sei como
E a força que o tira da inércia muda algumas vezes sua direção.

De repente, dedos frios pré-tensos
 e pretensos de prazer.
O céu sobre o meu barco é de ouro,
Mas ouro é metal,
É condutor elétrico e pode ser
Muito quente e muito frio. E vai,
Desbravando solo e mar. Vai,
Ele também solo,
Flutuando em azul-escuridão.
 Marine blue.
Tremo sobre as pernas de madeira
Eu, que sou profundezas e lodo
Mas sobre a proa há a coroa de louros e o céu fervendo o mundo inteiro.
O céu de pústulas arrasa o meu barco e agora é guerra,
É água,
É o futuro que não se prevê,
Se ora.

Aponta para frente a ver se o céu muda,
Se o mar termina,
Se existe montanha, ó Noé, depois deste deserto.
Embica sua campanha sob o Sol que, tão estranhamente, incita é lágrimas.
E volto
A estar sobre o barco
As pernas tremem sobre a madeira.

 O ar tem barulho e a dor é apenas sinal de vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário